sexta-feira, 17 de abril de 2009

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Noite/ext-int/ cravinhos- chove

Pai avança em direção a loja. Percebemos que Dayse embaixo de uma marquise vê a cena ao longe.

Corte interno. Interior da loja. Camera passa por gondolas rapidamente, que fazem uma moldura aflita, para os passoas corridos da Mãe que segue o homem que lhe abriu a porta.

Corte interno. Mãe e Homem transam com roupa num quarto dos fundos. Entre as gondolas.

Corte interno. Pai sai da loja. Dayse se esconde para não ser vista.

Amanhece/ext/ descampado

Pai corre por um imenso gramado vazio. Um ponto agitada na paisagem calma.



NO MOMENTO

...estamos na página 80 do roteiro, mas muita coisa a mudar... lembrete: não cair na tentações que todos caem. Não ser alegórico. Os personagens já o são.

CO-ROTEIRISTA

Pela primeira vez tenho um co-roteirista;Ronaldo Guedes. Perfeito. Sempre inventei parceiros imaginários. (Luis Carlos Pacca, breno Álex...) Esse existe e é meu amigo e parceiro. As primeiras 30 pgs do roteiro são deles com leve observações. A forma de fazer o corte na história, as motivações, os desenhos dos personagens principais também veio dele.
Quando peguei o livro na mão me pareceu impossivel transformar em filme senão pela abordagem Bressaniana ou cabeçona. Habilmente, ele foi nos arquetipos e construiu o que estava desconstruido no livro. Tem a rara habilidade de ser denso, popular e original.Tai, tive uma percepção agora: ao contrário dos meus outros filmes que trabalho para desconstruir a realidade e disseca-la. Aqui pego um material já desconstruido e monto como um quebra cabeças.

Observações

É díficl escrever com o peso da sobrevivência sobre os ombros...

Quando escrevi o Se Nada Mais Der Certo ( meu filme anterior) comecei no quarto da ex casa durante o caos da minha separação. Na verdade, não pensava que aquelas páginas poderiam virar um filme. Era uma especie de roteiro-diário que mantinha para não sucumbir, para não perder a esperança. Ou seja, no meio do caos desenhava uma porta de giz na parede acreditando que aquilo era uma fuga.Separado, fudido, indo aos 35 anos voltar pra casa da mãe, instalei num quarto de empregada, que era utilizado como deposito, meu escritório. Como meu diário me pareceu interessante, continue-o já acreditando-o como filme a ser realizado. Ao lado, religiosamente as nove da manhã, a maquina de lavar começava seu turno. Toda essa adversidade incorporei ao ritmo do roteiro, aos diálogos e me deu motivação pra enfrentar a merda. Hoje quando me vejo ainda na merda pelas complicações de ter executado Se Nada Mais der Certo, olha pra trás e vejo que já tirei boa parte do corpo na areia movediça que me encontrava. Então, escrevo o Perfeito ainda com o peso da sobrevivência e necessidade de esperança muito fortes ao meu redor, mas sigo em frente...na montanha russa. Mas espero logo chegar tranquilo em terra firme.

LUIZA MARIANI COMO CYCLONE

Referências 3